Foi um fim-de-semana diferente e um dia de semana igual.
Quinta-feira vinte sete de Junho de 1991, tinha acabado pouco tempo antes, de agarrar a minha juventude e uma notícia na A.R. Novelense divulgava o falecimento de uma figura inigualável, ímpar, um político, um humano, um homem que recordo, José de Oliveira Malheiro.
Não fui seu evidente companheiro, posto que os seus 56 anos, se distinguiam apenas dos meus vinte e sete, mas mesmo assim era alguém extraordinário na minha vida, conheci-o á minha frente a jogar xadrez, hoje infelizmente não se sabe o que é xadrez e alguns também não sabem quem foi este homem!
Quando ouvi e li o aviso, fez-se branco, percebi a emoção, estava claramente gelado, transtornado, arfava e naturalmente comovido ao saber da notícia, tinha que entregar um livro na biblioteca da Associação, assim o fiz e hoje vejo que com ele o livro também desapareceu.
Quando esta figura intervinha, o clima se tornava de festa, e o auditório o acompanhava em êxtase numa catarse colectiva, ele exercia lutas com outros companheiros, criados em parceria com as convicções que sempre defendeu e quando surgiam dúvidas, com a delicadeza de um amigo, retirava as nuvens a quem o questionava.
Foi um homem amado e respeitado por todos, a sua humildade e a amizade sincera com que se dirigia aos colegas, fizeram dele uma pessoa culta e grata onde estivesse, e jamais o vi deixar de cumprimentar com delicadeza e afecto quem quer que fosse. Dedicada por excelência, aquela figura que eu tinha há pouco como um homem jovial e alegre, desapareceu de entre nós, faz hoje dia 27 de Junho de 2010 dezanove anos.
Mesmo não sendo seu aprendiz e se não tivesse a dimensão da sua perda, não revelaria a curiosidade sobre a figura pela qual esta freguesia prestou o seu pesar e a quem muito deve. José de Oliveira Malheiro, deixa saudades e os jogos de xadrez, tornaram-se cada vez mais uma raridade.
Ao evocar este grande homem, Novelas naturalmente sentir-se-á honrada por dar a conhecer que, nem todos têm a qualidade de poder avaliar as presenças que os circundam, todos os dias, mas ainda há quem tenha a felicidade de ter participado convivido e lembrado um homem da dimensão de almas guerreiras e generosas.
José de Oliveira Malheiro, proporcionou em conjunto alguns pensamentos, que pensava e ainda hoje penso e evoco, viveu simplesmente e amava o que fazia, mas é igualmente relevante que, além de ter enobrecido a freguesia, tenha também recebido mostras de respeito de grandes homens e não tenha feito delas motivo para sobrelevar-se, acintosamente, ante os demais.