sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

NOVELARTECINE.

 ARTE DE FAZER CINEMA EM NOVELAS - PENAFIEL!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

ENCERRAMENTO!

TERMINAMOS MAIS UM ANO!



Por:
Reinaldo Meireles 2010
 Obrigado aos cento e setenta e oito mil quinhentos e sessenta e nove, visitantes do blogue, que deixaram deslumbrantes mensagens inovadoras e construtivas, permitindo desta forma um melhor aperfeiçoamento e criatividade.
Sabemos no entanto que nesta quadra Natalícia não precisamos de reflectir, para renovar os nossos contratos de amizade, pelo muito que têm representado para nós.
Este é um momento doce, cheio de significado para as nossas vidas e é tempo de repensar valores, de ponderar sobre a vida e tudo que a cerca. É momento de deixar nascer essa criança pura, inocente e cheia de esperança que mora dentro de nossos corações. É sempre tempo, para não acreditar no pai Natal, mas sim contemplar aquele menino pobre que nasceu numa manjedoura, para nos fazer entender que o ser humano vale por aquilo que é e faz, e nunca por aquilo que possui.
Que neste Natal todos vós e toda a vossa família, sintam mais forte ainda, o significado da palavra saúde, paz e amor. Que traga raios de luz que iluminem o vosso caminho e transformem o vosso coração no dia a dia, fazendo com que vivam sempre, um momento mágico de felicidade.
São os votos sinceros de

Reinaldo Meireles
Novelas 22 de Dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

APARECE AGORA A RECLAMAR!

“GRANDES PATIFES!”


Agora que presentemente estão identificadas as raízes dos problemas da crise, não devemos ficar de forma alguma surpreendidos.
A permanente busca na construção de alternativas às políticas neo-liberais e ao domínio do mundo pelo capital, por qualquer forma de imperialismo, levaram o FSM no ano de 2008 em Penafiel assim como em todo o mundo, a reflectir sobre a crise económica financeira e a pobreza/globalização.
Milhares de mulheres e homens de todas as idades, organizações, redes, movimentos e sindicatos de todas as partes do planeta, aldeias e regiões, zonas rurais e centros urbanos, povos, culturas e crenças, reuniram-se para despertar o problema, que os mais atentos já á muito adivinhavam.
Como actor da região, participamos, na presença do senhor presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza - Padre Jardim Moreira; as senhoras deputadas Ana Gome e Elisa Ferreira; o deputado João Teixeira Lopes, e Paulo Esperança, com uma apresentação pública das diversidades de acções, solidárias num espaço de cidadania plural, alertando o problema.
Não nos limitamos por isso a cumprir o papel marginal de consciência contestatária das questões regionais e planetárias, mas afirma-mo-nos antes com um trabalho na certeza de que a crise financeira ia caminhar e devastar, o País a Europa e o Mundo.
O risco e as consequências que uma globalização desregulada, fruto da imposição de uma ideologia neoliberal já afamavam o mercado e subestimavam o papel do Estado na economia.
Em oposição à globalização do capital, propusemos a globalização do bem-estar, um mundo de paz, solidário, sem fome nem pobreza, com ambiente equilibrado e saudável que, estávamos e estamos convictos, que é possível e há-de acontecer.
Mencionamos também, o predomínio dos interesses financeiros em quererem controlar a Europa e o País. A burla financeira já sobrevalorizava os objectivos de lucro a curto prazo.
E o desrespeito pelos elementares princípios éticos; a desconsideração de objectivos da coesão social e sustentabilidade ambiental; bem como o enfraquecimento do papel dos Estados nacionais sem que se tenham criado mecanismos políticos supranacionais à altura, só poderiam dar resultados avassaladores.
Só passaram três anos, depois de 26 de Janeiro de 2008.
Grandes patifes.
Não tiveram nem têm, honra nem palavra; lealdade, humildade; valores; seriedade, honestidade e não sei que mais. Não tiveram nem têm nada.
E agora dizem que é mais que necessário e urgente, um novo paradigma de economia tanto a nível nacional, como europeu e mundial.
Já o poeta escritor Adolfo Correia da Rocha dizia:
“Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém respeita ninguém. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos e já se não crê na honestidade dos homens públicos”.
Hoje penso que o País perdeu a inteligência e a consciência moral, não lhes interessa, nem querem saber. Naturalmente talvez também nem sabem quem é o poeta escritor!
Mas interessa sim, saber que toda sociedade que não conseguiu enxergar e que por muitas vezes chegou a desrespeitar:
Aparece agora a reclamar!

Novelas 5 de Dezembro de 2010.





segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DVD - 52 "OUTONO CULTURAL".

CONCERTO MUSICAL


No passado fim-de-semana dia 27 de Novembro, inserido no Outono Cultural realizou-se no salão Polivalente da Junta de Freguesia de Novelas, um concerto musical denominado Reciclados ou ReciKlados e a sala foi se compondo esperando ansiosamente pelo espectáculo.



Foi a segunda actuação da mesma banda, com diferente e surpreendente denominação, que deram imaginação e ao gosto musical, composto por:
Alberto Monteiro, Presidente da Junta de Freguesia de Novelas, na viola acústica; Eduardo Oliveira na viola baixo: Duarte Barros na bateria; Rogério Ferreira na guitarra; e vozes de Mónica Magno e Helena Arriscado.



Foi com todo o prazer que estive presente, e que como moderador e formando operador de imagem na hierarquia cinematográfica e televisiva, faço alguns pequenos reparos.
Fiquei bastante satisfeito com o trabalho, a banda esteve bem, a realçar duas vozes excelentes que poderiam sobressair melhor, apesar da sua simpatia e profissionalismo.



Os elementos da organização, tentaram a todo o custo, resolver falhas que se prendiam com o som e a iluminação, mas que permitiu apreciar com qualidade um trabalho que considero no entanto muito positivo.



Existiu sempre bom ambiente e convívio entre o público, mas ao contrário dos costumes da freguesia, os horários estabelecidos não foram cumpridos, sendo a falha que pudesse ter existido rapidamente corrigida de uma forma aberta, sem que o público fosse prejudicado.



O espaço era grande e acolhedor, o palco ao fundo da sala era convidativo a que pudessem realmente ver um trabalho de vários meses de empenho e dedicação; sendo uma boa aposta organizativa, e que penso que agradou ao público, que aderiu a este concerto.



Tocaram, cantaram e encantaram no tempo previsto (aproximadamente uma hora) proporcionando um excelente convívio que cativaram com alguma audiência.



Foi uma agradável surpresa para os presentes e na minha opinião, foi melhor que o anterior: Deixou o público mais efusivo com a apresentação de doze temas musicais; onde o público cantou, saltou, e não se esqueceu do merecido concerto.



Entendo que tudo o que é feito, com boa intenção e empenho, deve ser distinguido e agradecido, como foi demonstrado pelas palmas, que o público muito bem soube reconhecer com gratidão.



Nota-se no entanto claramente, que cada vez mais as iniciativas vão tendo menos audiência, ou é tudo ou nada, e claro o futebol é o rei da cultura de que nós somos o produto final.
É pena.


Apesar de tudo para mim:
Foi bom!
Novelas 29 de Novembro de 2010.


Novo 
Clik para ler mais ou no link a seguir para ouvir  Interviews and Music Player!





quarta-feira, 24 de novembro de 2010

DVD - 25 "JOSÉ RÉGIO".

LEMBRAR O POETA!
Mais uma noite de poesia foi levada a efeito na Unicepe, Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL na Praça Carlos Alberto, 128-A 4050-159 PORTO.
Desta vez foi homenageado o Poeta José Régio, com mais uma introdução do senhor presidente, que sempre soube de uma forma admirável, muito bem receber os participantes e restante público. Obrigado Dr. Rui Vaz Pinto.




A apresentação do poeta esteve a cargo, de uma figura conhecida de todos os sócios que com muito saber, sempre soube muito bem apresentar, os poetas homenageados.
O seu conhecimento, e a sua dedicação, a um projecto de uma tão nobre causa ao longo de mais de dois anos nestas noites de poesia, demonstraram na minha opinião, de como realmente teremos muito a aprender.
Foi um prazer de eu como associado, participante, e colaborador, ter conhecido uma figura da dimensão de almas guerreiras, como sempre o disse.
Em meu nome pessoal, o meu muito obrigado, pela forma de como muito bem soubeste descrever, dar a conhecer e apresentar tão nobres e ilustres poetas.
 
José Silva.




Participaram ao longo de dois anos, cerca de meia centena de Poetas e Poetizas com muita sabedoria, e outros que com muita ternura tentaram fazer o seu melhor.
Com apenas dez anos apresentou aqui em público o seu primeiro poema. É com grande orgulho que a Unicepe e eu, incentivo crianças à participação, na leitura e escrita, como: 

Bruna Meireles



Inexperiente, mas com uma boa atitude, a Unicepe foi um incentivo para outros conhecerem e aprender a gostar da leitura, de participar, de estarem mais à vontade e de se sentirem melhor como aconteceu com: 

Luísa Meireles.



Bom mesmo foi conhecer gente maravilhosa! A ternura dos 80 são na realidade excepções, apesar de uma formação e conhecimento vasto em relação á poesia. É com muita satisfação, que participamos com pessoas de carácter, e sabedoria como: 

Fernanda Cardoso.




A poesia é sempre entremeada com artistas convidados, e todos eles foram maravilhosos. A lembrar o Poeta José Régio foram cantadas musicas da sua autoria, que maravilharam os presentes como o fez, 

Fernando Ribeiro e Pedro Sá.



De Poetas e Poetizas, há sempre quem tenha formação e por isso passe com distinção. Foi com enorme prazer, que conheci e acompanhei a escritora e Poetiza ao longo destes últimos anos, 

Maria de Lourdes dos Anjos.



No entanto há, sempre alguém que vejo pela primeira vez. Ao longo do tempo nunca ninguém deixou ficar mal os poetas reconhecidos, e José Régio se fosse vivo sentiria orgulho, em ver a classe menos jovem e inexperiente a honrar o poeta como fez o amigo, 

Júlio.



Vários foram os artistas, cantores, músicos, e compositores que por aqui passaram. Cada um com um enorme valor. Vou falar para todos, mas sem falar de ninguém em especial.
Que maravilha.
Palavras para quê, quando se ouve cantarem e interpretar tão bem como o fizeram. Obrigado por me darem o prazer de conhecer e contactar artistas com tão grande talento.
Esta é mais uma canção, entre muitas da sua autoria, e que muito bem a interpretou,

Fernando Ribeiro e Pedro Sá.



A juventude têm destas coisas. Talentos raros e interpretações únicas, que deixaram em muitas participações pessoas como eu fascinadas.
Além de fotógrafa convidada pela Unicepe, presenteia sempre os homenageados, de uma forma surpreendente.
Foi um prazer muito grande conhecer, 

Ana Almeida Santos.


Me perdoe o amigo, sei que estou a ficar velho! Mas, reconheço que a velhice é um posto. Não encontro palavras para descrever, a cordialidade, gentileza, o saber, e o carinho escondido por detrás de alguém que por vezes parece que não conheço! É na realidade fascinante esse teu conhecimento e essa tua sabedoria que me levam a interrogar, como consegues fazer maravilhas, com poemas, apresentações, música e canções. É fascinante, como demonstra claramente: 

José Silva.


Um artista, que trabalhou e conviveu com grandes figuras, e com quem tive o prazer de conhecer e colaborar. Tal como José Silva é um cantor de Intervenção, que partilhou momentos na Unicepe como cantor convidado. Foi um prazer ter conhecido e trabalhar com: 

Carlos Andrade.


Bom, para terminar. Todos com quem tive o prazer de partilhar conviver, e colaborar em cultura, foi para mim surpreendente, na minha memoria eu os guardo.
Foram muitos os eventos culturais, espectáculos, poesias e até convívios partilhados com jantares, em diversas Associações, Grupos ou instituições.
Como foi bom, ter conhecido Gente maravilhosa.
Não me estou a despedir, apenas está a chegar mais um Natal e a começar um novo ano. No entanto, abraços e beijos para todos e todas, com quem tivemos o prazer de partilhar, momentos altos como este.
Vejam um poema de José Régio acompanhado á viola, e tão bem interpretado, pelo meu amigo a quem mando um abraço: 
 Reinaldo Meireles

Rui Vaz Pinto.
 

TEXTO DE ENCERRAMENTO.

Com o encontro do passado dia 24.11.2010, cumpriu-se mais um ano de encontros de poesia e música da Unicepe.
Como remate e em jeito de homenagem, gostava de lembrar aqui o nome de uma mulher que, há 55 anos, mais precisamente, no dia 1 de Dezembro de 1955, escreveu, sem papel e sem pena, um dos mais lindos poemas da humanidade.
Nessa altura, vigorava nos Estados Unidos, a humilhante e vergonhosa lei da segregação racial. Entre outros vexames, os negros, nos transportes públicos, tinham de ceder o lugar aos brancos.
Rosa Parks, assim se chamava a senhora, era negra. Tinha 41 anos e acima de tudo uma grande consciência da sua dignidade como ser humano. Trabalhava a dias! Estava cansada de tanta humilhação a que os negros eram sujeitos. Numa afirmação pessoal, começou a andar a pé. Entretanto, ficava sem tempo para cuidar da sua casa e dos seus meninos.
Ao cair do dia 1º de Dezembro de 1955, na cidade de Montgomery, Rosa Parks regressava a casa. Mortificava-a o pressentimento de que talvez não voltasse a ver os seus entes queridos.
Tomou o autocarro. A dado momento, foi interpelada para que desse o seu lugar a um branco. Recusou-se a fazê-lo. Foi presa. Foi presa por isso!
Mas este seu gesto iluminou a mente de milhares e milhares de negros e milhares e milhares de vezes foi repetido até à abolição da maldita lei de segregação racial.
Rosa Parks morreu em Novembro de 2005, com a bonita idade de 91 anos.
Analfabeta, que lição humana nos legou! Que poema!
Queiramos nós, que cultivamos a poesia nestes encontros da unicepe, ser poetas do jeito desta mulher e até as estrelas do céu se nos vêm juntar em hossanas de glória, pela dignidade humana.

Texto de José Silva

Novelas 24 de Novembro de 2010





segunda-feira, 22 de novembro de 2010

JÁ AÍ VEM MAIS UM NATAL!

O RELÓGIO NÃO PÁRA!


A vivência com alguns criadores, poetas, cantores e escritores, a participação activa em 35 eventos culturais e noites de poesia nas diversas Associações, Cooperativas e Cafés, o contacto de alguns amigos e amigas e a actividade Profissional, ao longo deste ano deixaram-nos perplexos.
A todos, eu e a minha família deve, mas em especial aos amigos e amigas que com eles aprendemos. Muito Obrigado.
Não sei como explicar!

O relógio não pára e já aí vem mais um Natal.

- Sabem, nesta quadra natalícia, lembrei-me da minha infância, parece que foi ontem que brincava na rua.
Que saudades! Era eu uma criança, só tinha nove anos, a lareira com uma pedra no chão, e sobre ela a lenha abrasava a cozinha, onde se avistava um pai natal de chocolate, pendurado numa árvore com presépio a brilhar.
Eu de risca ao lado, com um cabelo perfeito, jogava ao peão na rua com os amigos.
Era um tempo em que todos nós tínhamos tempo, as famílias, os vizinhos, juntavam-se nos alpendres, nas varandas e nas lareiras, a conversar. Um tempo em que os pais idealizavam e os amigos proseavam, enquanto as mulheres tricotavam, e as crianças como eu sonhavam, com o pai natal.
O meu pai com uma grande escola tinha passado o ano inteiro para os outros a trabalhar...; ali sentado ao nosso lado a olhar, sempre fazia uma surpresa com uma prenda para nos dar.
Eu não ligava, sabia que o importante não me faltava, tinha os amigos, tinha família, tinha os meus pais.
Os anos passaram e não sei como explicar.
Vi perderem-se os valores, acabarem com a harmonia, o conceito de família e a história é sempre a mesma.
Que pena, tínhamos o mundo nas nossas mãos, mas vimos fugir por entre os dedos a maravilha da harmonia.
Acho que conceito de família se deu mal, ao trocar as conversas de varandas, alpendres e lareiras por, Playstation, Iphones, computadores, novelas e novelas… e a violência na TV.
Foram epidemias que retiraram aos jovens e crianças o mais elementar entre o elementar, escrever com a sua própria mão e saber o resultado de uma multiplicação.
Já passou mais um Natal e eu não sou contra o progresso. Não.
Juro que não, mas a evolução arrefeceu mais as famílias, hoje o carinho é cada vez menos, não se valorizaram as qualidades e sem nos apercebermos fomos afastados, desprezados e por vezes até humilhados.
As pessoas estão cada vez mais intolerantes, desgastaram-se na valorização dos defeitos dos outros, as relações de hoje não duram e a ausência da palavra desculpa está cada vez mais presente.
Não vemos mais velhos como antigamente: Não vemos mais um pai a elogiar um filho, como o meu pai muitas vezes me elogiou; não vemos mais um filho a elogiar o pai, como eu sempre o fiz, e os meus filhos agora fazem comigo.
Sinto um orgulho muito grande e penso.
Porque será que há tantos filhos, que têm mais que um palácio, e que davam mais valor, a um abraço ou ao carinho de pais ausentes, que parece que não tem!
Eu não sou contra o progresso, não.
JURO QUE NÃO!
Mas continuo-o é a ver futilidades!
Porra. Já passou…mais um Natal!.
Valorizaram-se as pessoas que usaram a imagem para ganhar dinheiro, mas a ausência do elogio contínua muito distante das pessoas e famílias.
Contínua a falta de diálogo nos lares, e o orgulho ou agitação da vida, impediram que as pessoas exprimissem o que sentiam para depois despejarem as carências nos consultórios, então terminam os casamentos, e procuram noutras pessoas o que não encontram dentro de casa.
Não acredito, estamos no Natal! O tempo correu e a agitação é ainda maior.
E eu… Não sou contra o progresso. Não.
Juro que não!
Sinto-me feliz, porque vejo a maravilha de ter uma família, no entanto há outros que a não tem.
Falam da separação ou do divórcio, vivemos numa sociedade em que o amor se tornou num compromisso de ninguém, um não precisa do outro, mas vive sozinho e não se sente feliz.
Uma forte motivação na vida de cada um com um elogio, pode fazer a diferença. Elogiar um bom profissional, uma boa atitude, a ética, a beleza de um amigo ou amiga, elogiar o bom comportamento dos filhos, é mais do que necessário para se ser feliz.
O bom profissional gosta de ser reconhecido, o amigo sente-se bem por ser elogiado, o bom filho fica feliz por ser louvado, e o pai ou a mãe sentem-se bem, ao serem amados e amparados.
Trinta e sete anos passaram depois desse Natal de 73; não acredito.
Já estamos no Natal e eu não sou contra o progresso, não.
Mas não juro que não, e também não é mais um Natal, nem vou esperar pelo Natal!
Completei 46 anos, vi partir alguns amigos, desaparecer o meu pai, estou calvo, faltam-me três dentes, não me saiu a lotaria e também espero que não me saia.
Acabei de dizer o que tinha para dizer, e certamente farei tudo o que tiver de fazer para me sentir ainda mais orgulho em realmente ser um homem feliz.
Nesta quadra natalícia, não deixes que seja mais um Natal.
Quando estiveres junto á lareira lembra-te destas palavras e também dos teus pais, dos teus filhos, dos teus amigos ou de quem gostas, pois a vida é aquilo que queres que ela seja.
Faz-lhe chegar um grande abraço, dessa forma terei a certeza que nesse momento desenvolveste uma forte sensibilidade, e que farás um esforço contínuo para manter a estrutura familiar.
Se escrever der muito trabalho, não tenhas pressa.
Lê com sentimento, sabe o princípio, o meio e o fim…;com diálogo ajuda a devolver o conceito de família a quem a não tem e tenho a certeza que será feliz.
Natal é quando o homem quiser, é todos os dias!
À minha família, a todas os meus amigos e amigas, com esperança:

Um forte abraço e um feliz Natal 2010.


Novelas, 22 de Novembro de 2010.






domingo, 14 de novembro de 2010

DVD - 61 "MAFAMUDE".

ZECA AFONSO - VILA NOVA DE GAIA!

      Autobiografia do ZECA
     As minhas primeiras veleidades de cantor surgiram quando andava no 6º ano do liceu. As noites passava-as em deambulações secretas pela cidade, acompanhado de meia-dúzia de meliantes da minha idade, amantes inconsequentes da noite. Com uma guitarra e uma viola fazíamos a festa. Estávamos ainda longe do hieratismo triunfal das serenatas na Sé Velha diante de multidões atentas e respeitosas. O velho Flávio Rodrigues continuava a ser o «Mestre», venerado por um pequeno discipulado de guitarristas e acompanhadores que com ele se reuniam numa pequena casa do bairro de Celas onde acabou os seus dias minado por uma doença fatal.
     Do convíviocom esse homem torturado ficou-me a recordação de uma instabilidade impotente e resignada ao peso das terríveis limitações materiais que acompanharam até ao fim o lento processo destruidor do nosso companheiro.
    Seguiu-se um período de promoção fadística em que acabaram por me colocar no palanque das estrelas de primeira grandeza. Outros acompanhadores (peritos e sisudos) e outras oportunidades em viagens promovidas pela Tuna e pelo Orfeon. São dessa época as minhas idas a África e as tournées através da província. Recordo-me de ter participado na inauguração de uma auto-maca, para os bombeiros voluntários de Pádua e de, por diversas vezes, ter dormido ao relento nos «pinhais do rei».
     Nestas andanças percorri as estradas do país esticando o polegar a quem passava sobre rodas, ou, mais afortunadamente, pagando com fados e canções a hospitalidade com que me recebiam em suas casas, pobre, ricos e fidalgos arruinados.


     Por motivos económicos fui forçado a deixar Coimbra antes de concluído o curso e a leccionar em colégios particulares. O contacto concreto com a situação profissional no sentido mais amplo foi-me pouco a pouco endurecendo.
    Em Coimbra as coisas mudavam lentamente. Novas remessas de estudantes, menos pitorescos mas mais conscientes do que os do meu tempo, mais devotados aos problemas que fatalmente surgiam num meio sufocado por tradição, as mais das vezes inútil, intentam, à semelhança do que já outras gerações haviam feito, romper declaradamente com o bafio, pôr de parte a quinquilharia passadista do velho romantismo do «Penedo», realizar ao nível associativo uma modernização da vida académica dentro dos limites a que os forçava o estreito meio geográfico em que viviam.
    Lá longe no Algarve, chegavam-me os ecos destes acontecimentos. Embora em doses insignificantes, e já um pouco tarde, tentei acertar o passo por esse ritmo coordenador de energias há muito desencadeadas, mas sem o sentido de oportunidade de que careciam para se converterem em acção positiva e fértil.
    Nessas pequenas descobertas adquiri a noção do tempo perdido, abominei a cidade onde a minha alegria de viver inutilmente estiolara ouvindo «tanger os bordões da viola», calcorreando ruas, frequentando as casas de prefo, bebendo bicas nos cafés da baixa ou escutando, mais por imposição do que por prazer, as arengas dos teóricos da bola.


    Nalgumas andanças por Lisboa tomei esporádico contacto com outros meios estudantis. Rapazes novos, dinâmicos, combativos, de pés bem assentes na terra, com os quais, embora de uma forma efémera, muito me foi dado a aprender. Ganhei amizades, rejuvenesci e sobretudo senti na carne a urgência de alguns problemas que até então mal tinham afectado a minha maneira de ser.
    Numa disposição de espírito muito diferente da que me levara a procurar fora de Coimbra uma largueza de horizontes que a cidade me negara, renovei um pouco o meu conhecimento dos homens e dos lugares. O Algarve foi por então a minha pátria adoptiva. Nos sapais da ria de Faro e nos areias do sotavento algarvio passava eu as melhores horas do dia junto do barco simbólico que o António Barahona salvara do esquecimento e da decomposição.
   Só muito acidentalmente cantei. Em casamentos, baptizados, convívios efémeros, que sei eu? Como de resto sempre o tinha feito. As baladas surgiram como um produto anónino desse conjunto de circunstâncias, mas, também, com o tempo, sempre um interlocutor forçoso contava comigo. Mais do que simples forma musical vagamente lúdica ou combativa definiam uma atmosfera pré-existente nas coisas presentes e passadas. Nada mais do que um folclore de segunda ordem pronto a servir.
    O Rui Pato ajudou-me nas situações de maior responsabilidade perante públicos mais exigentes ou nas gravações. Comecei por cantar o que me vinha à cabeça, nas praias do sul ou em curtas deambulações por terras de província onde ampliei, fora do ambiente universitário, as minhas experiências mais duradoiras.
   A mais recente pausa da minha vida veio cortar de forma imprevista as esperanças dum recomeçar.
   Sem saber como, apesar das inevitáveis demorar burocráticas achei-me em Lourenço Marques com um lugar de professor. Mais umas baladas (as últimas) e uma transferência para a Beira. Novo lapso e uma última oportunidade que me veio através do TAB (Teatro dos Amadores da Beira). Cardoso dos Santos empenhava-se num prazo mínimo de tempo em preparar a encenação de “A excepção e a regra” de Bertold Brecht. Faltava musicar e adaptar as canções que figuravam na tradução de Francisco Rebêlo. Assim fiz. Depois disto a mudez ou a decadência. Não sei bem.
Cidade da Beira . 1967


Novelas 14 de Novembro de 2010







quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DVD - 50 "LEMBRAR ADRIANO"

T.A.S.
Grupo de Teatro Amador de Sandim

APRESENTA.
Dia 13 de Novembro de 2010, (sábado) pelas 21:30.



...Na passagem de mais um aniversário da morte de Adriano Correia de Oliveira; vamos “Lembrar Adriano” com: Carlos Andrade, José Silva e João Teixeira.

Dia 13 de Novembro de 2010.

Apresentação.

Adriano Correia de Oliveira.
Já todos nós ouvimos o provérbio: “Muito bem se canta na Sé, mas é para quem é”. Ora, este “dito” ajusta-se perfeitamente à figura que, hoje, queremos lembrar. Aquela voz bonita de Adriano Correia de Oliveira não podia deixar de cantar na Sé. E cantou! Cantou na Sé e por toda a parte. Adriano Correia de Oliveira muito embora seja tido como Avintense, em boa verdade, ele nasceu na Rua Formosa, na cidade do Porto, em 9 de Abril de 1942. Chegou a Coimbra apenas com dezassete anos, para frequentar o curso de Direito, na Universidade. Com o entusiasmo próprio dos dezassete anos, logo começou a frequentar as tertúlias académicas, a boémia coimbrã e facilmente entra nos movimentos estudantis. De uma vivacidade natural e com uma voz lindíssima, depressa se torna o menino bonito do Orfeão Académico. Canta o fado (o fado tradicional de Coimbra), gravando um ou dois discos. Entretanto, a este tempo, em Coimbra, sentia-se já os ventos de mudança que sopravam.



José Afonso, que na década anterior fora um dos mais apreciados cantores do fado de Coimbra, andava, agora, por lá, de viola em punho, a cantar uma espécie de cantiga trovadoresca, que rompia com a praxe e a tradição Coimbrã. Era uma cantiga nova, que exaltava e servia os ímpetos libertários que, àquele tempo, fervilhavam e uniam os movimentos estudantis.



Adriano Correia de Oliveira
não se fez rogado. Logo se entregou de alma e coração a essa nova corrente musical, a esse novo movimento, a essa nova causa. E surge, então, as mais bonitas trovas que a época produziu; lembremos, por exemplo, “A trova do vento que passa”. Cultiva a cantiga de intervenção e, verdadeiro amante da liberdade, anda por todo o lado, a par com outros cantores, a denunciar a repressão e a prepotência. Insurge-se contra a guerra no Ultramar e ouvimo-lo, então, cantar “Menina dos olhos tristes”. Embrenhou-se também na recolha, selecção e gravação de cantigas do nosso folclore, quer do Continente quer dos Açores e deixa-nos “Morte que mataste Lira”. Muito novo ainda, no auge da sua capacidade criadora, é acometido de uma doença imparável. Morre aos quarenta anos, no dia 16 de Outubro de 1982. Adriano Correia de Oliveira cantou poesia. Não sei se escreveu algum poema. Mas a sua vida, todavia, é a mais eloquente prova de que a melhor poesia não é a que se escreve é a que se vive.
Texto de: José Silva